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Seus Problemas (Não) Acabaram



Quanto mais avançamos no século XXI, mais evidente vai se tornando o conflito entre hierarquias rígidas e inovação organizacional.


Por isso, encurtar a distância entre a alta direção e a operação vai se demonstrando, cada vez mais, uma providência essencial.


Desgraçadamente, porém, ao contrário do slogan das Organizações Tabajara, essa iniciativa, isoladamente, não é, nem de longe, suficiente para afirmar que os problemas destas entidades acabaram. Embora derrubar barreiras, facilitar as relações horizontais e abreviar as comunicações verticais, sejam práticas saudáveis e, a nosso ver, indispensáveis, elas não conseguem, sozinhas, virar o jogo. Sem o corajoso descarte de modelos mentais e de métodos e técnicas gerenciais herdados da era industrial, esforços exclusivos de desburocratização acabam tendo pouca ou nenhuma efetividade.


Para sentir melhor os inspiradores ventos da mudança é importante acompanhar experiências inovadoras trazidas por organizações mais jovens, onde o insumo crítico é o capital intelectual, por empresas que, embora tradicionais, já identificaram nuvens ameaçadoras no céu corporativo, e estão em pleno processo de reinvenção, e por alguns governos que, encurralados entre restrições orçamentárias e demandas sociais cada vez mais complexas, começam a mudar o jeito de trabalhar e de prestar serviços.


Essas experiências, ainda pouco disseminadas, agregam à saudável oxigenação trazida pela diminuição dos níveis hierárquicos, um maior espaço para outras dimensões. Destacaremos aqui quatro delas, que embora não esgotem o elenco de desafios, não podem ficar de foram para quem quiser conferir à inovação um espaço que vá além do discurso.


Mudança Cultural


Formatos novos em cabeças velhas tendem a acentuar resistências e conduzir a organização no sentido oposto ao pretendido. Nos tempos atuais, onde a mudança e a incerteza predominam, organizações culturalmente abertas ao novo tem melhores condições de ir para a frente, quando comparadas a outras que atuem no mesmo setor, mas que não possuam essa característica. As primeiras vão enxergar novos formatos como recurso, as últimas, como modismo. Afinal isto as ajudará no discurso do atraso e da inação.


Qualidade dos Recursos Humanos


Qualquer que seja o formato organizacional utilizado, a chance de sucesso do mesmo varia na razão direta da qualidade dos recursos humanos envolvidos. Pessoas qualificadas tem mais facilidade em perceber o sentido e a intensidade dos ventos da mudança e são mais conscientes da necessidade de promover alterações que visem garantir a sobrevivência e a efetividade dos negócios privados ou públicos nos quais estejam inseridas. Pessoas com baixa qualificação, ao contrário, enxergam, na mudança, a face do risco, mas não a da oportunidade.


Muito cuidado, no entanto, com as habilidades pretendidas. Ao contratar ou treinar, é importante ter em mente, que muitas profissões tendem a desaparecer ou a serem substituídas por softwares e aplicativos, em cerca de uma década. Criatividade, capacidade de trabalhar em grupo, colaboração, empreendedorismo interno, visão compreensiva dos fenômenos e domínio das novas tecnologias serão diferenciais competitivos dos colaboradores contemporâneos. Por isso, disciplinas como design thinking, storytelling, técnicas de negociação, gestão de conflitos, gerenciamento de projetos complexos, gestão da inovação, gestão de mídias sociais, só para exemplificar, não podem ficar de fora de programas gerenciais de capacitação antenados com o amanhã.


Fazer Diferente


Novos métodos de trabalho, técnicas gerenciais que coloquem o homem no centro do universo organizacional, tecnologias cada vez mais poderosas e acessíveis e softwares cada vez mais inteligentes estão mudando rápida e radicalmente os processos de trabalho. Ninguém está imune à mudança.


Processos que foram consagrados por anos e anos estão perdendo rapidamente poder de fogo, ou seja, não são mais eficientes, eficazes e efetivos como eram até a alguns poucos anos. A inércia joga a favor deles e mais ninguém.


Perceber a mudança, vencer resistências e implantar processos de trabalho inovadores serão posturas que separarão empresas e governos vencedores dos tragados pela complexa era centrada no conhecimento.


Perceber a Disrupção


Até há pouco, tecnologia era sinônimo automação. Isto mudou. Tecnologia agora é, sobretudo, fazer diferente. Quem não perceber isto, tende a subestimar o real impacto das novas tecnologias e corre o risco de fazer mais rápido o que, talvez, já tenha se tornado desnecessário. Utilizar o melhor mix de tecnologias da informação e comunicação para cada problema a ser atacado é, hoje, condição determinante para o sucesso das organizações privadas ou governamentais.


Entidades nas quais as imensas oportunidades de inovação incremental e sobretudo disruptiva, trazidas no bojo das novas tecnologias, demorem para ser enxergadas, compreendidas e utilizadas devem se preparar para fortes turbulências vindas da concorrência e da clientela, no segmento privado, e da cidadania, no setor público.


Cabeças a Obra


Enfim, globalização, economia do conhecimento, criatividade, movimentos sociais, segurança, privacidade, padrões culturais, sustentabilidade, inovação e outros tantos fenômenos contemporâneos estão muito longe de caminhar em harmonia. São, ao contrário, mais das vezes, conflitivos e deixarão vítimas pelo caminho, demandando, por isso mesmo, percepção das mudanças e visão estratégica. No mundo privado, para aproveitar novas oportunidades. No âmbito governamental, para definir que País queremos ser: injusto e ultrapassado ou próspero e inclusivo.


José Antônio Carlos - Pepe

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